Cientistas em início de carreira de Sistemas terrestres na região da América Latina e do Caribe (ALC) têm enfrentado diversos desafios, tais como oportunidades limitadas de financiamento, instalações científicas abaixo do padrão, insegurança empregatícia e desigualdade de representação. Além disso, o agravamento das crises ambientais e climáticas regionais exige que esta nova geração de cientistas ajude a enfrentar tais crises, aumentando a conscientização pública e a pesquisa científica. Percebendo a necessidade de convergência e fortalecimento em torno de uma ação coletiva como parte da solução, foi criada em 2016 a Rede Latino-Americana de Cientistas do Sistema Terrestre em Início de Carreira (LAECESS – Latin America Early Career Earth System Scientist Network). Os principais objetivos da LAECESS são promover redes regionais, fomentar a ciência integrada e interdisciplinar, organizar cursos e workshops para desenvolvimento de habilidades interpessoais, e capacitar os pesquisadores em início de carreira da América Latina. Este artigo é um passo inicial para que a comunidade científica global compreenda a situação atual e esteja ciente das perspectivas dos pesquisadores em início de carreira na ALC. O artigo também apresenta uma série de passos futuros necessários para um melhor desenvolvimento científico e social na região da ALC.
Atuais desafios científicos regionais na ALC
Questões climáticas ambientais regionais e suas conseqüências na ALC
Os impactos da mudança climática na região ALC são observados na atmosfera/hidroclima, oceanos e criosfera, e afetam diretamente a biosfera. Eles foram identificados e quantificados como: regimes de precipitação alterados, temperaturas atmosféricas e de superfície do mar mais altas, risco elevado de secas, aumento da aridez, perda de massa glacial, aumento relativo do nível do mar, maior intensidade de ciclones tropicais, ondas de calor marinhas e perda significativa da biodiversidade1 -3. Mais especificamente, a ALC contribui com 10% das emissões globais de CO2e, onde o uso da terra e as mudanças na silvicultura são os principais responsáveis4. Isto está principalmente relacionado ao desmatamento e aos incêndios florestais devido aos processos de expansão agrícola, pecuária e urbanização, especialmente na Floresta Amazônica5. Na América Central, foram observadas tendências significativas de aquecimento entre 0,2 °C e 0,3 °C por década nos últimos 30 anos. As tendências de precipitação observadas a longo prazo mostram um aumento no sudeste da América do Sul e uma diminuição na maioria das regiões de terras tropicais. Na costa atlântica da América do Sul, a taxa de elevação do nível do mar é maior que a média global (~3,6 mm ano-1) e é menor ao longo da costa do Pacífico (2,94 mm ano-1). Resultados semelhantes foram observados no lado do Mar do Caribe/Golfo do México (3,7 mm por ano) e no lado do Pacífico (2,6 mm ano-1)3. A absorção de CO2 pela água do mar também resulta em valores de pH mais baixos, o que é conhecido como acidificação oceânica. Na América do Sul, a acidificação oceânica está afetando a Corrente Humboldt, um dos quatro principais sistemas de ressurgência oceânica do mundo, provocando impactos negativos nos principais ecossistemas6. Além disso, estudos recentes mostraram que a taxa de perda de massa glacial em toda a Cordilheira dos Andes foi de -0,72 ± 0,22 metros de equivalente água ano-1 de 2000 a abril de 20187. Com a perda de volume da geleira andina e o aumento no descongelamento do permafrost haverá reduções significativas no fluxo de rios e potenciais inundações de alta magnitude de lagos glaciais8. O acoplamento entre os sistemas Terra-Clima também deve ser considerado, por exemplo: foi demonstrado que a queima de biomassa amazônica atinge as geleiras andinas, o que acelera seu derretimento9, e consequentemente eleva o nível dos mares. Isto afeta diretamente áreas costeiras como o Caribe, Guatemala, Colômbia, Venezuela, Brasil, Uruguai, Argentina, entre outros. Todas estas mudanças resultam em perdas de biodiversidade4,10. Na ALC, hotspots de biodiversidade e áreas de alto endemismo são abundantes. A região da ALC contém cerca de 60% da vida terrestre global e diversas espécies de água doce e marinha, 12% das florestas de manguezais do mundo, as mais extensas áreas úmidas e 10% dos recifes de coral do mundo. Entretanto, tem havido um declínio na abundância de espécies e um alto risco de extinção de espécies11,12.
Quando combinados e estendidos às dimensões econômica e social, todos esses impactos proporcionam condições para exacerbar distorções socioeconômicas e desigualdades na região da ALC1,13. As condições socioeconômicas da região, caracterizadas pela pobreza e alta desigualdade, aumentaram a vulnerabilidade a estes cenários14. Por exemplo, considerando a importância do setor agrícola na ALC na produção de alimentos e serviços ambientais para todo o planeta15,16, os impactos da mudança climática afetarão a produção, processamento, armazenamento, transporte e distribuição de alimentos, o que poderá empobrecer as economias regionais1,15,17. Além disso, populações localizadas em áreas remotas da ALC, povos indígenas e comunidades dependentes de meios de subsistência agrícola ou costeira estarão especialmente em risco18,19. Além disso, a mudança climática aumenta o desenvolvimento e a propagação de doenças vetoriais e virais, resultando em conseqüências mundiais20,21,22.
Informação e percepção do público em geral sobre os impactos ambientais e climáticos
A informação e a percepção do público em geral são essenciais para combater a mudança climática, não apenas mudando seus estilos de vida, mas também votando em tomadores de decisão que possam promover políticas de proteção ambiental. Nos últimos cinco anos, houve um aumento da conscientização (de 56 para 67%) da mudança climática como uma ameaça à vida23. Dezoito países da ALC destacam a importância da mudança climática para a população. Em média, 83% das pessoas nesses dezoito países concordam que as atividades antropogênicas são a principal causa dos impactos, e 70% concordam que a mitigação e a adaptação devem ser uma prioridade24. A maioria das pessoas na ALC vê a questão da mudança climática como uma séria ameaça25. Isto pode ser resultado da vivência de impactos regionais em comunidades locais, como descrito na seção anterior. Esta conscientização depende do contexto histórico regional e do nível de educação24. A educação é um dos principais motores do engajamento público. Entretanto, nos últimos anos, o aumento do movimento de ceticismo científico como parte da negação da mudança climática é uma das razões pelas quais a ciência não é reconhecida como importante tanto pelo público quanto pelos governos24. Um estudo recente da Soh (2019)26 observa que na ALC o relativo distanciamento do público em geral dos benefícios da descoberta científica tornou o financiamento da ciência e da tecnologia um alvo político fácil para a contenção fiscal em uma desaceleração econômica. Portanto, os cientistas de início de carreira tiveram que mudar suas abordagens para alcançar o público e mudar a percepção das questões ambientais e climáticas. Ao fortalecer as redes científicas como a LAECESS, estas novas abordagens podem ser tratadas coletivamente.
Embora o contexto político local não promova um ambiente para debater e moldar novas atitudes25, a percepção crescente da gravidade dos impactos climáticos precisa ser alinhada com ações concretas para minimizar os impactos da mudança climática. Estratégias de mitigação podem melhorar a geração de energia, o transporte urbano, a agricultura, a distribuição de alimentos e a saúde da população com apoio público. O Fórum Econômico Mundial27 destacou o foco em maiores investimentos em pesquisa e inovação para permitir novos mercados para o futuro, abrangendo a diversidade e a inclusão. Assim, a ciência deve ser transparente, fácil de entender e integrada à vida.
Os desafios de cientistas em início de carreira na América Latina e Caribe
Embora muitos pesquisadores da ALC visem um alto nível de pesquisa, eles estão limitados devido à falta de apoio financeiro, acesso limitado a oportunidades de concessão de subsídios, instalações e equipamentos de laboratório abaixo das normas padrão, baixos salários e falta de segurança empregatícia28. De 2010 a 2019, o número de estudantes matriculados em programas de ensino superior aumentou em 38%, enquanto o montante gasto no mesmo período foi, em média, de 1,3% do produto interno bruto29. Do número total de graduados durante 2019, 35,7% eram das áreas de Educação, Ciências Naturais, Tecnologia e Engenharia, enquanto 64,3% estudaram cursos relacionados a Artes, Humanas, Administração e Saúde, considerando toda a ALC29. Argentina e Porto Rico são os países com maior porcentagem de graduados na área de Ciências Naturais.
Não há cargos de pesquisa suficientes nas instituições de ensino e pesquisa da ALC para absorver pesquisadores de destaque. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho, milhões de posições formais de trabalho foram perdidas na América Latina durante os últimos quatro anos, com impacto maior para mulheres e jovens30. A recuperação da taxa de emprego ocorre para empregos informais (ou seja, sem contrato, benefícios ou seguro, horário de trabalho irregular, e horas extras não remuneradas). E então ocorre a fuga de cérebros31. Este tipo de migração, onde profissionais altamente qualificados deixam seus países de origem em busca de melhores condições de trabalho, vem apenas aumentando ao longo dos anos32. Em média, 10 a 40% dos prodígios da ALC foram para os Estados Unidos nos últimos cinco anos33. Muitos pesquisadores, especialmente cientistas em início de carreira decidem deixar a região, procurando locais seguros e apoio adequado34. Os pesquisadores encontram mais liberdade, estabilidade, e recursos para implementar seus esforços científicos em muitos países desenvolvidos no exterior, especialmente aqueles que tiveram a oportunidade de realizar estudos ou treinamento durante o mestrado ou doutorado35.Durante os anos 2000, um movimento dinâmico interno foi observado com o aumento de políticas educacionais intra-regionais, programas de mobilidade regional e bolsas governamentais para o ensino superior/treinamento e intercâmbio de trabalho dentro da ALC, mas os números têm diminuído desde 201736. O número de graduados na ALC aumentou 42% em uma década29, com os números mais altos no Chile, Uruguai, Brasil e Argentina, respectivamente (dados foram normalizados por 1 milhão de habitantes)29,37 (Fig. 1a). O número de publicações seguiu a mesma tendência, considerando o continente americano (Fig. 1b). No último século, as publicações gerais sobre o tema climático geral foram feitas principalmente nos EUA (83%), com apenas 17% das publicações espalhadas pela ALC38. O número total de cientistas na ALC é seis vezes menor do que nos EUA 39. A baixa produtividade científica na região da ALC não é o resultado de uma falta de excelência ou criatividade. Ao contrário, reflete a ausência de uma política científica de longo prazo que é um fator comum na maioria das nações da ALC28. Pesquisadores do sistema terrestre em início de carreira são vitais para lidar com as questões regionais mencionadas anteriormente, pois têm experiência científica por uma perspectiva global combinada com uma bagagem cultural que permite a aplicabilidade específica ao contexto regional e local35,40,41. Por exemplo, experiências anteriores na África42,43 mostraram que pesquisas feitas sem a experiência local podem excluir o conhecimento local crucial, ser localmente irrelevantes ou inaplicáveis, ou perder/ignorar soluções locais de importância global considerável.
Devido aos impactos imediatos causados pela mudança climática na maioria das áreas da ALC, neste artigo pedimos um sistema de pesquisa mais abrangente e um apoio mais significativo para pesquisadores em início de carreira da ALC, o que é crucial para garantir uma pesquisa científica mais robusta e clareza nos caminhos a serem percorridos por estes pesquisadores.
Questões de igualdade de grupos subrepresentados entre cientistas da América Latina e do Caribe
Historicamente, a representação na área de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM – Science, Technology, Engineering, and Mathematics) tem sido tradicionalmente patriarcal cultivando uma falsa suposição de que os homens são inatamente bem adaptados à pesquisa científica, enquanto as mulheres não 44. Entretanto, muitos estudos têm sido realizados para refutar esta ideia e incentivar políticas de igualdade de gênero para corrigir o desequilíbrio entre homens e mulheres na ciência45. Apesar de todos estes esforços, a falta de informação sobre a extensão e magnitude do desequilíbrio de gênero na ciência é um grande desafio na implementação de políticas equitativas em nações com baixo investimento em pesquisa e desenvolvimento46.
De acordo com o Scimago Country Rankings, a maioria das publicações científicas de autoria de pesquisadores na região da ALC de 1996 a 2020 foram produzidas por cinco países – Brasil, México, Argentina, Chile e Colômbia, abrangendo 88,26% sobre todos os tópicos científicos e 86,56% de ciências ambientais47. É importante notar que estes são números totais para publicações científicas e não estão separados por gênero. Se a disparidade de gênero for considerada entre estes cinco países, somente a Argentina e o Brasil alcançariam a paridade de gênero no número de mulheres empregadas em pesquisa48,49. O ranking sugere que as desigualdades podem ser piores em países onde a ciência sofre de uma substancial falta de financiamento50, o que pode impedir a criação de programas que estimulem o aumento das mulheres na ciência.
Em 2019, o Instituto de Estatística da UNESCO (UIS – UNESCO Institute for Statistics) apresentou dados sobre o número de mulheres empregadas em pesquisa e desenvolvimento. Embora a taxa de mulheres empregadas na região da ALC (45,1%) tenha representado um desempenho relativamente bom em índices mundiais de paridade de gênero em ciência, especialmente quando comparada à taxa global (29,3%), as mulheres pesquisadoras na ALC ainda enfrentam muitos desafios como discriminação, desigualdade de remuneração e disparidades de financiamento ao seguir uma carreira na ciência46,48,51. Em geral, os números da UIS se baseiam no número de mulheres empregadas em pesquisa e desenvolvimento e, portanto, não diferenciam a STEM de outras ciências com maior representatividade feminina (por exemplo, humanidades e ciências sociais51). Além disso, os números totais carecem de uma explicação para as maiores disparidades de gênero nos níveis superiores, a grande lacuna em cargos de autoria associados à senioridade no cargo, o menor número de mulheres autoras em revistas de prestígio e o maior número de homens a serem convidados pelas revistas para submissão de trabalhos52.
Outros grupos estão subrepresentados na STEM em instituições da ALC. O grupo LGTBIQA+ é um deles. Entretanto, não encontramos estudos que abordassem diretamente a representatividade da LGTBIQA+ dentro da STEM na ALC. Nossas pesquisas nos trouxeram blogs e organizações (por exemplo, a aldeia STEM; https://www.thestemvillage.com) que oferecem uma plataforma para melhorar a visibilidade da LGTBIQA+, mas não foram encontradas estatísticas que pudessem fornecer uma perspectiva melhor desta comunidade dentro dos cientistas da ALC. Além disso, outros grupos como os negros, indígenas e mestiços enfrentam as consequências das desigualdades dentro da STEM na ALC. A estrutura racializada do ensino superior da STEM perpetua enormes disparidades resultantes do racismo estrutural, que informa e é reforçado por crenças, políticas, valores e distribuição de recursos discriminatórios53. Na ALC, em países como México e Brasil, a mestiçagem, ou mistura racial e cultural, eram projetos anunciados como o símbolo da nação e a esperança de seu futuro para oferecer uma ideia de alta tolerância na ALC; entretanto, por trás desta ideia, a mestiçagem tinha um papel ao encorajar a mistura para um maior branqueamento, negando identidades e culturas negras e indígenas e homogeneizando as distinções raciais e étnicas necessárias para a mobilização anti-racista54. Estes fatos históricos certamente impactaram a sub-representatividade destes grupos dentro da STEM na ALC, mas a falta de estudos nos impede de mostrar estatísticas para toda a ALC. Isto apresenta um sintoma agudo da realidade na ALC, no sentido de que as discussões sobre a representatividade dos negros, indígenas e mestiços ainda são muito preliminares dentro da STEM na ALC e que a pesquisa científica sobre este tema está provavelmente concentrada nas áreas de humanas e ciências sociais.
Recentemente, a crise socioeconômica imposta pela pandemia da COVID-19 intensificou os problemas enfrentados por grupos sub-representados na ALC. Gênero, raça, paternidade/maternidade e interseccionalidade são fatores essenciais para avaliar como a pandemia tem afetado os cientistas. Estudos recentes mostraram que as mulheres e as mães são os grupos mais atingidos no meio acadêmico nos EUA e na Europa, com taxas mais baixas de submissão e publicação de artigos, bem como menos submissões de propostas de subsídios durante a pandemia55,56,57,58. Na ALC, encontramos resultados semelhantes em um estudo abrangente realizado no Brasil que revelou que na STEM, os acadêmicos masculinos (especialmente aqueles sem filhos) foram os menos afetados, enquanto as mulheres e mães negras foram as cientistas mais afetadas49. Estes impactos são provavelmente uma conseqüência da divisão desigual exacerbada do trabalho doméstico durante a pandemia, e que o racismo persiste fortemente no meio acadêmico, especialmente contra as mulheres negras; além disso, as jovens mulheres cientistas (independentemente da raça) podem ter sido desproporcionalmente afetadas desde o início da carreira alinhando-se com a idade reprodutiva destas mulheres58. Crianças pequenas requerem muito mais atenção e cuidado, o que foi exacerbado durante o período de isolamento social. Isso pode reduzir o número de horas dedicadas à pesquisa e provavelmente à submissão de trabalhos56,57,58. Estes estudos recentes sugerem que a pandemia terá efeitos a longo prazo na progressão da carreira destes grupos já sub-representados e que políticas afirmativas são urgentemente necessárias para a reparação.
Em resumo, apesar dos progressos recentes, é provável que a disparidade de gênero na ciência da ALC persista por gerações. O desequilíbrio de gênero na região da ALC é profundamente afetado pelos estereótipos culturais latinos, contribuindo notavelmente para que as latinas deixem o meio acadêmico59. Portanto, a combinação de financiamento limitado e más condições de trabalho promove uma redução das mulheres na ciência e pode criar uma fuga de cérebros colateral, com as latinas se mudando para países de alta renda ou menos desiguais para seguir uma carreira na ciência. A contribuição de outros grupos sub-representados – LGTBIQA+, negros, indígenas, mestiços – na STEM na ALC e sua interseccionalidade precisam ser investigados mais profundamente para oferecer uma visão mais profunda da situação atual. Dentro da rede LAECESS (ver próxima seção), esperamos impulsionar discussões sobre como aumentar o número de grupos sub-representados na ciência, especialmente nas ciências do sistema terrestre, incluindo discussões sobre a promoção de seu acesso a posições de senioridade dentro de seus países. Para a rede LAECESS, é imperativo aumentar o número de grupos sub-representados, já que a diversidade é uma pedra-chave para a construção de ciência inovadora e de alta qualidade60,61.
Desenvolvimento da LAECESS
A criação da Rede Latino-Americana de Cientistas do Sistema Terrestre em Início de Carreira (LAECESS) foi motivada pela reunião de pesquisadores, unindo os membros de dois grupos de cientistas Latino-americanos em início de carreira: iLEAPS (Integrated Land Ecosystem-Atmosphere Processes Study)62 e IGAC (International Global Atmospheric Chemistry)63. Estas duas redes globais organizam conferências a cada dois anos e muitos webinars durante o ano. O iLEAPS tem grupos regionais de jovens cientistas, cujo objetivo é oferecer oportunidades de encontro e engajamento com sua ampla comunidade interdisciplinar internacional, para conexão com cientistas seniores através de workshops, eventos de treinamento e redes regionais. Por outro lado, a IGAC tem redes regionais, como o Grupo de Trabalho IGAC Américas, cujo objetivo é contribuir para o desenvolvimento de uma comunidade científica focada na construção de conhecimento coletivo nas/para as Américas, incluindo treinamento e fomento da próxima geração de cientistas64. Ambos os grupos frequentemente se reúnem em conferências, e alguns membros foram ou fazem parte de ambas as redes. Neste sentido, os fundadores da LAECESS sentiram a necessidade de ampliar e unir estes dois grupos da ALC em uma rede mais ampla. As redes acima ainda estão ativas, e LAECESS serve como uma ponte entre as duas comunidades.
Desde sua fundação em 2016, LAECESS tem funcionado como uma plataforma aberta para cientistas do sistema terrestre com origem e/ou interesses de pesquisa na América Latina para conectar e compartilhar conhecimentos. Os principais objetivos da LAECESS são promover redes regionais, fomentar a ciência integrada e interdisciplinar, organizar cursos e workshops de habilidades interpessoais, e capacitar os pesquisadores em início de carreira na América Latina.
A rede LAECESS cresceu ao longo do tempo e atualmente conta com 115 jovens cientistas, incluindo 25 em seu comitê gestor. Ao longo de seus seis anos de existência, LAECESS tem organizado múltiplas atividades, incluindo apresentações em conferências, webinars, encontros durante intervalos em conferências e workshops (como o evento de início de carreira no workshop sobre atmosfera terrestre realizado de 10 a 11 de junho de 202165), postagens periódicas em blogs, onde os membros compartilham conselhos de carreira, pontos de vista sobre tópicos científicos com uma abordagem de comunicação de alcance (mudança climática, qualidade do ar, saúde, pandemia COVID-19, desmatamento amazônico, etc.) e breves relatórios explicando nossas pesquisas para um público mais amplo. Além disso, a LAECESS tem atualmente contas em mídias social e hospeda um sítio eletrônico permanente, todos interligados e moderados por diferentes membros do comitê gestor que frequentemente se comunicam uns com os outros. Esta forma cooperativa de administrar nossa mídia social traz diferentes visões e discussões para a mesa, sempre fortalecendo e respeitando nossa diversidade de pensamentos, culturas e limitações científicas. Além disso, utilizamos uma lista de emails para compartilhar ofertas de trabalho, oportunidades de financiamento, estudos científicos, questões de pesquisa e uma newsletter semestral.
Além disso, as colaborações entre os membros da LAECESS estão catalisando colaborações e publicações científicas conjuntas14,66. Em julho de 2021, LAECESS ofereceu seu primeiro webinar intitulado: «Passado, presente e futuro das Ciências do Sistema Terrestre», que teve mais de 50 participantes de início de carreira e apresentou palestrantes seniores da região da ALC. Em geral, estas atividades ajudam a promover o desenvolvimento científico na ALC, com utilização de ferramentas on-line e gratuitas. Outro exemplo é o início de um banco de dados contendo informações sobre cientistas da ALC, colocando à disposição da comunidade LAECESS os recursos, ferramentas e informações disponíveis. Atualmente, estamos trabalhando nesse sentido.
Um aspecto chave da LAECESS é a diversidade de seus membros que, ao mesmo tempo, são membros de outras redes importantes, aumentando a visibilidade e o alcance da rede. Essas são YESS (Young Earth System Scientists Community)67, FutureEarth, ESWN (Earth System Women Network)68, ILEAPS62, IGAC63, Fluxnet, Ameriflux, APECS (Association of Polar Early Career Scientists) ou o Escritório da Comunidade Polar (PSECCO – Polar Science Early Career Community Office). Além disso, a razão para não se fundir com outras redes é o escopo de cada uma. A LAECESS tem um escopo baseado na América Latina, diferente de outras redes. Por exemplo, a rede YESS (Young Earth System Scientists Community), que tem um escopo mundial, é uma rede interativa em clima e meteorologia intimamente relacionada à Organização Meteorológica Mundial67. Por outro lado, as redes APECS ou PSECCO são muito específicas para a criosfera. No entanto, temos membros da LAECESS em muitas redes que colaboram ativamente e têm promovido a comunicação interna em relação a eventos, oportunidades e projetos futuros.
Após seis anos desde sua origem, a LAECESS se tornou uma rede ativa para pesquisadores em início de carreira. Não importa para onde nossos membros vão, eles continuam fortalecendo nossa rede, criando vínculos uns com os outros e promovendo as metas da LAECESS. O maior patrimônio da LAECESS é sua afiliação porque, embora os membros vivam em quase todos os fusos horários, nós continuamos conectados. A LAECESS continua a convidar a todos, independentemente do gênero, etnia, cor e origem. Nosso esforço coletivo é a nossa força.
Passos futuros
A LAECESS identificou algumas ações prioritárias para melhorar o ambiente científico da região da ALC durante esses anos, particularmente para os cientistas no início de suas carreiras. Nomeadamente são elas: a sustentabilidade da rede ao longo do tempo, a necessidade de um repositório regional de informações de livre acesso, melhoria na comunicação científica, envolvimento de cientistas em início de carreira na tomada de decisões, melhores oportunidades de financiamento de pesquisa, colaboração com outras redes e iniciativas de maior representação das mulheres nas carreiras científicas da ALC.
Sustentabilidade da rede
Dada a natureza jovem da LAECESS, como para qualquer outra rede em início de carreira, há um fluxo contínuo de pessoas, e para que esta seja sustentável ao longo do tempo, deve ser estabelecida uma estratégia clara, tal como atividades de mentoria de membros mais experientes para os mais novos. Além disso, a comunicação entre redes semelhantes é fundamental. Nesse sentido, é necessário sempre um plano de monitoramento para incluir e engajar os novos membros. Algumas ferramentas para atingir esse objetivo seriam: (a) uma descrição clara dos propósitos da rede e que expresse a necessidade desta para a comunidade Latino-americana de Ciências do Sistema Terrestre, e (b) atividades de treinamento e uma estrutura organizacional a ser seguida por novos membros.
Repositório de acesso aberto regional
A comunidade científica da ALC se beneficiaria muito do acesso aberto a coleções de periódicos e repositórios de dados. Neste sentido houve algum avanço com a iniciativa SciELO69. No entanto, o enfrentamento de desafios futuros e atuais pelos os cientistas do sistema terrestre na região exigirá uma forte colaboração entre os grupos de pesquisa. A LAECESS propõe uma plataforma eletrônica na ALC onde os grupos de pesquisa podem ser listados e georreferenciados. Esta plataforma poderá apresentar informações básicas sobre cada grupo, estações de observação e ferramentas de modelagem (incluindo dados de acesso aberto) e pesquisadores podem contatar uns aos outros facilmente. Este tipo de iniciativa fortaleceria as colaborações científicas e promoveria desenvolvimento na ALC. A mudança de práticas e fluxos de trabalho científicos na direção de abordagens de Ciência Aberta requer esforços que vão além da iniciativa individual. Universidades e institutos de pesquisa são necessários para estabelecer estratégias de Ciência Aberta e implementar a tecnologia necessária para melhorar a transição.
Melhoria na comunicação científica
A comunicação científica é essencial para gerar resultados de alto impacto e engajamento social. Cientistas em início de carreira se beneficiariam muito de ferramentas e técnicas para uma comunicação eficaz. Cientistas devem ser capazes de se envolver de forma atraente com o público em geral, compreendendo as implicações amplas de sua pesquisa, entendendo seu público e adaptando seu discurso para públicos sem conhecimentos técnicos. Um passo crucial para melhorar a comunicação científica seria contratar jornalistas científicos para auxiliar na divulgação e alcance da ciência. Os jornalistas científicos também podem ajudar a treinar o corpo de pesquisa da LAC (incluindo estudantes), promovendo divulgação através de feiras e exposições de ciências e comunicação multilingue científica. Identificamos a necessidade de oportunidades de financiamento para cientistas em início de carreira e para aqueles estabelecidos que apoiam esse tipo de interações interdisciplinares. Alguns esforços já foram feitos na região ALC, como RedLCC (por sua sigla em espanhol Red Latinoamericana de Cultura Científica), RedPop (Rede Latino-Americana e Caribenha para o Popularização da Ciência e Tecnologia), o portal bilíngue de comunicação científica Latin American Science e o Journal of Ciência e Comunicação (JCOM) da América Latina40. Neste sentido, a LAECESS está cada vez mais próxima do grande público e está se tornando uma ferramenta crítica de comunicação científica por meio da manutenção de uma página da web (https://laearlycareer.wixsite.com/latinamericaaecess), postar postagens multilíngues nas mídias sociais, organização de webinars e atualmente trabalhando em um canal de podcast de divulgação de Ciências da Terra. Uma vez que a LAECESS não tem acesso direto a financiamentos, esta iniciativa foca em destacar o trabalho dos pesquisadores em início de carreira, compartilhando chamadas científicas e ofertas de trabalho como uma estratégia, não apenas para compartilhar e divulgar conhecimento, mas também para ampliar o alcance de jovens cientistas da ALC. Um novo campo de interesse para a LAECESS é desenvolver formas de financiamento de agências de pesquisa para apoiar a rede.
Envolvimento dos cientistas em início de carreira na tomada de decisões
Verifica-se uma necessidade de melhorar as interações com os tomadores de decisão. Dentro na região da ALC, há grandes exemplos de oportunidades para desenvolver habilidades de política científica e diplomacia, tais como os projetos do Instituto Interamericano para Pesquisa em Mudanças Globais e iniciativas como a bolsa do Science, Technology, Policy (STeP) Fellowship Program ou o Open Science Forum in Latin America and the Caribbean (CILAC em espanhol)41. No entanto, a participação de
cientistas em início de carreira é escassa devido ao espaço limitado na tomada de decisões combinado com a falta de treinamento em política científica e em diplomacia. Colaborações mais estreitas entre cientistas em meio de carreira e cientistas seniores, formuladores de políticas e diplomatas poderiam resolver esta questão, bem como incentivar indústrias, empresas e governos para integrarem os jovens cientistas neste processo, considerando os desafios climáticos para os próximos 10 anos41. Governos,
universidades e instituições científicas da ALC poderiam adaptar programas internacionais bem sucedidos para incorporar cientistas em início de carreira nas áreas de política científica e diplomacia científica. Dois exemplos desses programas são a Colorado Science & Engineering Policy Fellowship (https://coscienceengineeringpolicyfellowship.com) e o Research Fellows da Comissão Europeia (https://ec.europa.eu/jrc/en/working-with-us/jobs/vacancies/function-grupo-iv-pesquisadores).
Além disso, a participação de cientistas em início de carreira em reuniões de prefeituras, elaboração de documentos sintéticos de natureza informativa de políticas públicas e em plataformas de tomada de decisões é crucial para compartilharem seus conhecimentos com a sociedade. Aqui a comunicação científica, especialmente nas redes sociais, tornar-se essencial ao fornecer aos cientistas em início de carreira uma opção dinâmica e direta de compartilhar conhecimento científico com o público em geral.
Melhoria das oportunidades de financiamento científico
O financiamento da pesquisa é necessário para o desenvolvimento tecnológico e de inovação da região da ALC, onde o financiamento vem principalmente dos governos. Portanto, as oportunidades de financiamento da ALC são limitadas em comparação com outras áreas do mundo onde o financiamento é estendido a empresas privadas ou instituições de pesquisa independentes. A colaboração com a Europa permitiu alguns avanços, tais como EURAXESS América Latina e Caribe (que liga pesquisadores dos países da ALC com a Europa), ou a plataforma EU-CELAC (um site de informação e comunicação de agências de fomento, universidades, centros de pesquisa, empresas e pessoas interessadas na cooperação bi-regional com a União Europeia). Além disso, os pesquisadores da ALC podem solicitar subsídios do Horizon Europe. No entanto, essas oportunidades não são da ALC, e a construção de oportunidades de financiamento dentro da região deve ser alcançada. Nesse sentido, a UNESCO-CEPAL, o Banco Interamericano de Desenvolvimento, ou Mercosul oferecem algumas oportunidades de financiamento para pesquisas científicas que são valiosas, mas ainda insuficientes para atender as necessidades da ALC.
Os cientistas em início de carreira da ALC se beneficiariam muito da criação de um banco de dados de acesso aberto ou mecanismo de pesquisa com oportunidades de financiamento disponíveis em todos os níveis, incluindo financiamento individual, financiamento colaborativo, financiamento privado, oportunidades de treinamento e diretrizes para elaboração de propostas bem-sucedidas. A LAECESS está atualmente trabalhando na implementação de tal projeto. Para alcançar este objetivo, a colaboração entre redes de pesquisa locais e regionais para ajudar a reunir esta base de dados e construir uma ferramenta de busca é essencial. Além disso, um ganho importante seria o envolvimento de cientistas seniores no compartilhamento de exemplos de oportunidades de financiamentos anteriores e projetos colaborativos que receberam subsídios internacionais na região da ALC.
Colaborações com outras redes e partes interessadas
É necessário incluir uma ampla gama de partes interessadas no processo de produção de conhecimento. Nesse sentido, engajar-se em iniciativas transdisciplinares é benéfica tanto para o meio acadêmico quanto para o não-acadêmico. Este esforço requer redes voltadas a pesquisadores em início de carreira como a LAECESS para defender melhorias em programas de pesquisa, abertos a contribuições de profissionais da iniciativa privada e das comunidades. A LAECESS tem colaborado com outras redes de cientistas, tanto em início de carreira quanto seniores, para promover e organizar seminários e no momento está trabalhando para desenvolver um canal de podcast, webinars e recursos para um banco de dados. Uma área de oportunidade para a LAECESS aumentar a exposição da pesquisa científica desenvolvida na ALC poderia ser a colaboração com organizações sediadas nos Estados Unidos da América com filiais hispânicas e latino-americanas. Exemplos são o Comitê da Sociedade Meteorológica Americana sobre Avanço Latino e Hispânico (AMS CHALA), o Instituto Caribenho de Meteorologia e Hidrologia, ou a Sociedade de Latinxs/Hispânicos nas Ciências da Terra e do Espaço (SOLESS). Algumas dessas organizações têm experiência com esforços colaborativos em instituições acadêmicas, redes científicas e agências governamentais que poderiam ajudar a LAECESS a estruturar um caminho para o estabelecimento deste tipo de conexão no futuro.
Aumento da representatividade de grupos sub-representados nas ciências terrestres na ALC
Conforme descrito na seção 1.4, a LAECESS reconhece a necessidade de aumentar a representação de grupos sub-representados na ALC. Para isso, estamos trabalhando na criação de conteúdos em mídias sociais para impulsionar discussões sobre como aumentar o número de mulheres e outros grupos sub-representados na ciência, especialmente nas ciências dos sistemas terrestres, incluindo discussões sobre como promover o acesso das mulheres a cargos de maior influência nos seus países de origem.
Considerações finais
Enfrentar os atuais problemas ambientais na ALC e no mundo exige esforços internacionais conjuntos e que a forma como o conhecimento científico é utilizado dentro do processo de formulação de políticas seja repensado. Além disso, a inclusão de toda a sociedade no processo de produção do conhecimento é vital para um melhor compreendimento dos problemas atuais e encontro de soluções rápidas e eficientes. A situação na região da ALC é de especial importância devido às atuais condições socioeconômicas que impedem jovens cientistas de seguir uma carreira na região. Nesse sentido, a rede LAECESS foi criada para promover o contato regional, fomentar a ciência integrada, interdisciplinar e transdisciplinar, organizar cursos e workshops de habilidades interpessoais e capacitar pesquisadores latino-americanos em início de carreira. No entanto, ainda resta muito trabalho pela frente. Para um melhor desenvolvimento científico e social na região da ALC priorizamos passos futuros que melhorem a sustentabilidade da rede ao longo do tempo, a necessidade de uma ferramenta de informação regional de acesso aberto, a melhoria da comunicação científica, o envolvimento dos cientistas em início de carreira na tomada de decisões e o trabalho no sentido de melhorar as oportunidades de financiamento da pesquisa científica.
Referências
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Publicado originalmente em inglês: https://doi.org/10.1038/s41612-022-00300-3